quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Primatas culturais

Andava uma família a observar



o conhecido que calmamente escolhia



o prato em que havia de comer aquela tarde.

Intermezzo, interregno, intervalo, inté...

Desculpem-me queridos 5 visitantes, esse tal de blogger activou by itself - e sem minha autorização - a moderação de comentários, e eu descobri hoje que havia comentários para aprovar pendentes desde o mês de abril. Adorei saber que, afinal, tinha 7 comentários, para um blog semi-activo, não é nada mau. Sorry anyway!

I'm back, by the way!

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Durban, África



Escrevo à beira Índico, não seria à "beira mágoa," pois de Pessoa tenho talvez, apenas, a nacionalidade herdada de meus pais. Mas, recordo agora, talvez, neste instante, tenhamos algo mais em comum, já que estou em Durban, mesmo porto de onde ele saiu, devastado, em direção à Lisbon revisited da sua infância. Mesmo porto onde iniciou, talvez, a serie de poemas ingleses, não sei.

O que sei é que África é muito mais que uma palavra de 6 letras, muito mais que um aglomerado de países em quase constante ebulição, mais que muitas, incontáveis tribos e idiomas. África é mais que um continente, África é um mundo especial. Espacial, também, com todos os múltiplos sentidos que o adjetivo possa ter.

Os espaços, aqui, têm uma dimensão incompreensível para europeus ou brasileiros como eu. Vive-se em casas, gradeadas e seguras, admito, mas em casas mais que enormes para os padrões urbanos brasileiros da costa do Atlântico e muito mais que enormes para os padrões ibéricos e mesquinhos das terras de Camões.

Ai, Camões, ele que descreveu o "monstrengo" que do mar surgia ao dobrar o cabo das Tormentas, ele que chegou até a Ásia, ao navegar este mesmo Índico, ele não podia mais caber naquele reduzido espaço envolto por tão reduzidas mentalidades. Agora, entendo o que se possa ter passado com esses dois nascidos naquele cotovelo da Europa.

É que aqui se respiram horizontes e maresia, aqui podemos nos deixar deitar ao chão pelo vento que sopra incessantemente e enche a pele, os cabelos e os óculos de uma pegajosa maresia que se cola até a alma. O vento morno na pele, o vento sussurrante nos ouvidos, a vida mansamente embalada pelo vento morno dos trópicos, sem arrepios, exceto de prazer, sem encolher a alma dentro de lã e couro, expandindo os dedos na calçada sem sapatos, na grama mais que verde, na areia grossa a pinicar a pele.


Sim, estou à beira Índico, diante do mar de Durban, em Umhlanga, que se pronuncia "Mchlanga" em Zulu. Estou no Kuazulu-Natal, terra do presidente Zuma, atual governante do país. E o nome Natal é uma reminiscência de outro lusitano, Vasco da Gama, que aqui atracou, ou melhor, mais ao sul, na baía de Durban, no dia da efeméride cristã e assim batizou o local.


segunda-feira, 15 de novembro de 2010

JHB, África
















Ontem, jantei numa casa absolutamente africana, em Jo'burg, como chamam, os íntimos, a cidade de Johannesburg. E por ser um jantar totalmente africano, sentei-me ao lado de um casal de meia-idade da mesma tribo do Mandela, os sothos. Tinha à minha frente uma mulata do Cabo, pele quase amarelada, vestindo uma daquelas túnicas africanas, à guisa de vestido, com um enorme círculo de âmbar pedente de um fio grosso em volta do pescoço.

À esquerda dos conterrâneos do Mandela, sentava-se um casal oriundo do Orange Free State, terra de africaans da gema, corpo de estivador, cara de irlandês com maus hábitos alcóolicos de pub, cujo filho joga rugby nos Cheeta, time equivalente ao Flamengo, no Rio ou ao Benfica, em Lisboa. Meu africano favorito, responsável pelos meus vôos nestas terras, dizia ao meu lado que era fácil imaginar o filho, bastava olhar para o pai e vesti-lo com a roupinha da equipe esportiva.

Bem, o jantar começou pontualmente as 19h e as 20h45 já estávamos nos despedindo, depois de ouvir muitas historias da copa contadas enfaticamente pela senhora de meia idade e reforçadas e comentadas pela mulata do Cabo, com alguns apartes em um inglês quase macarrónico do nosso amigo estivador, que fazem qualquer brasileiro que apenas "arranha" no inglês se sentir fluent speaker do idioma anglo-saxão.



Fico por aqui, pois a alergia ao polém transformada em febre do feno, me faz precisar de água e inalações constantes. Mas o melhor talvez seja o meu relato sobre Maputo, pérola da África, que visitei de fugida por um precioso dia e meio.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Todas as bolsinhas de crochet levam a outra

Estou em Sevilla, bar do hotel. A mesa + prox abriga um casal (?) Ingles. Mas o q m chama atencao, alem da brancura reluzente das pernas da moca e do rosado das bochechas do rapaz, eh uma bolsinha de crochet. Ela traz uma bolsinha de crichet purpura a tiracolo. E num passe de magica, não sei s ajudada pela musica do Dirty Dance tocando na radio, sou transportada para a minha pos-adolescencia, qdo se usava crochet em bolsinhas, gorrinhos redondo que não eram p tapar o frio, mas pra fazer charme, linha metalica, e em blusas de festa que a D amelia tecia amorosamente p as netas que ela não tinha oficialmente e que eramos nos.

Ao ver a bolsinha purpura, de crochet em linha metalica, meu primeiro pensamento foi, nossa, cabe tudo ali dentro, onde ela rapidamente enfiou um dos dois casacos q trazia, excesso incompreensivel p uma inglesa em Sevilla, onde ate mesmo eu, uma baleia dos mares do sul, uso Havaianas e vestido de malha. Mas aquele rapido gesto de precaucao dispensavel, desencadeou uma volta a minha tenra juventude, como se fosse a madeleine do Proust, com uma dose inexistente, eh verdade, da angustia francesa.

Na verdade, há algo a respeito do choque cultura que não está dito em lado nenhum. O choque, às vezes, é uma esbarradinha em nós mesmos. É o avesso da propaganda do choque. O choque, às vezes, somos nós.
Enviada do dispositivo sem fios BlackBerry®

terça-feira, 6 de abril de 2010

No cabo do mundo, sem tormentas

Pois, já que ando em uma onda de retrato do real com todas as cores, resolvi postar o mail tal como saiu para os amigos. E houve até quem ligasse para dizer que... bem... não vou entrar numa de fishing for compliments... e podem me malahr se quiserem, que este tempo chocho de primavera enevoada já está me dando nos nervos... Ainda que eu não quisesse a lama toda que anda lá por onde não há choque cultural, só social, econômico, profissional.... and so on..



Estou no cabo do mundo dos navegadores do seculo 15, sem computador, escrevendo no telefone que, para o bem e para o mal, ainda m serve de ligacao com o resto da humanidade.
No domingo, visitamos mesmo os dois pontos descobertos pelos portugueses, onde
Bartolomeu Dias deixou um padrao, hj se chama Cape Point; e onde o Vasco da Gama deixou outro padrao, Cape of Good Hope.
Tudo faz parte de um enorme parque à beira mar, com vegetação peculiar e baboons. Estes ultimos sao uns macacos peludos, com enormes caninos, como tigres e q podem ser muito agressivos s alguém se mete no caminho deles.





Também da para entender pq isto foi chamado Cabo das Tormentas, tem um vento constante q pode ficar muito forte mesmo e entorta li-te-ral-men-te as arvores no porto da cidade. O mar tem um azul deslumbrante, como eu só vi no Caribe e se eu fosse rica, era para cá que eu vinha quando me aposentasse. :)


As pessoas sao super simpaticas e acolhedoras, sorriem na rua e cumprimentam todo mundo.
Ha uma mistura curiosa de simpatia e descontração carioca com um certo requinte britanico temperado com uma razoavel flexibilidade holandesa. Tudo junto dá um ambiente divertido, onde as criancas andam descalcas na rua - não, não sao pivetes pedindo uma coisinha "tia" -, as pessoas se vestem do mais casual ao razoavelmente chique (sem ser over) para ir ao teatro - eu fui de calça de crepe preta e havaianas douradas e me senti muito bem -, o sol brilha mas o vento te faz por casaquinho e echarpe no pescoco, mas com os dedos de fora e a passos lentos que aqui ninguem anda correndo com copo de isopor na mao, Nova Iorque está bem longe, graças a Deus.

Estou hospedada em uma Guest House que descobri na internet e que eh ainda mais linda e agradavel pessoalmente. Para os inocentes, GH eh o que os ingleses chamam d B&B (Bed and Breakfast), so que muito mais simpatico.

Maria e Johanes sao os donos da casa que reformaram e transformaram em negocio, mas não perderam a noção dos seus objetivos iniciais. Entao, a gente tem um quarto, lindo, todo creme e branco, c tv, secador, frigobar, ventilador e aquecimento, lençois de algodao, varias almofadas, cadeira de vime, varanda c mesinha de ferro e vista para uma nesga d mar, tapetes, muitos espelhos; no banheiro, pote de vidro com algodao e lixa de unhas, enormes frascos de champu e gel de banho, toalhas brancas e fofas trocadas diariamente por duas funcionarias mulatas com uma cor muito tipica e um sotaque idem. Alem disso, na mesa da tv, uma bandejinha com chaleira eletrica, cha, cafe soluvel, açucar, adocante e leite em po, e um pratinho em forma de bule para por o saquinho usado do cha.

Ao chegar, a Maria me perguntou o que eu queria cooked p o cafe da manha, alem do bufe de frutas, cereais, paes, queijos, geleias e iogurtes. A sala eh uma delicia, da para uma piscininha-tanque cheia de charme e de flores em volta, tudo parece a casa daquela amiga mais velha que tem muito jeito para decoração e usa o dinheiro da aposentadoria para ter uma casa deliciosa que todos querem copiar.

Nada cheira a hotel, tem boa energia e vasos coloridos de ceramica, alem de protetor solar, bonés e toalhas a disposição para os hospedes. E o preço eh de pensaozinha comparado c os hoteis da mesma regiao da cidade. So mesmo na Africa do Sul.
As gaivotas fazem uma sinfonia constante e o por de sol eh cheio de rosa e vermelho.



Ainda ha mt mais q contar, do restaurante etiope onde não ha talheres à desconhecida que me convidou para tomar café no shopping, sem falar no restaurante que é quase um parque, como uma aldeia africana, se chama Moyos e tem carne de veado, antilope e rabada, mas fica para a proxima, eu prometo que conto.


Fafa, por favor, reenvia para Raquel e tia Alba q eu não tenho aqui o email delas, mostra p seus pais e avos. Kerol, mostra p Solange e cia e da beijo neles, e reenvia p Carla e Linda e diz a Carla q nosso dia ta chegando. Marilinha, da beijo enorme nas outras duas pessoas queridas dessa casa. Lucia, s puder reenvia p Leila que eu não tenho email dela aqui.


A todos que puderem ler, meu carinho redobrado na distancia e a certeza de que a vida pode ser muito interessante quase sempre, ha que ter olhos e ouvidos disponiveis.

Beijos sulafricanos, com muito chili e açucar,
L
Enviada do dispositivo sem fios BlackBerry®

quinta-feira, 11 de março de 2010

Djavan - Boa Noite (ao vivo)

Boa noite! Boa música pra terminar a semana.
Eita choque cultural de paixão esse do Djavan.