segunda-feira, 17 de março de 2014

Rio de Janeiro, ficção e realidade

Pois é, voltemos aos choques... Nem preciso completar, pois são sempre culturais, mesmo quando pensamos que de outra natureza. 

Tive mais um, hoje, há pouco, além dos que já tinha tido desde que acordei.

É aquela sensação de que alguém está pintando a sua casa com uma tinta que encobre a cara real da casa e deixa-a parecendo um filme que você, decididamente, não reconhece. Ou, que de tão poético, faz parecer uma benevolência com aquilo que estamos carecas de conhecer. Mas uma benevolência que leva o leitor para uma posição assim de "vôo de águia", vista superior, em linguagem de desenho e geometria, mas que não se mistura e beira um pedantismo que só pode perceber quem conhece bem o objeto descrito.

Convido os meus dois ou três leitores a dar uma lida num texto de indiscutível valor literário e, depois, a lerem a resposta que dei em forma de comentário lá no blog onde se encontra o texto.

É mais um desabafo, isto, pois a verdade é que há que assumir que os nossos olhos estão inevitavelmente contaminados por nossa história e somos, em certa (ou grande) medida, reféns da vida que vivemos antes e durante as nossas experiências de mergulho em outras culturas.

A seguir, colo o meu comentário, pois, no meio de tanta purpurina, há realidades que há que reconhecer, que não têm que ser melhores ou piores que a ficção, mas que são diferentes e nem por isso hão de ter menos valor. À ficção que se assuma como tal, e à realidade que siga para o seu destino.

Alexandra, gosto muito da sua escrita, mas tenho que discordar de algumas coisas, normal, o amor não tem que (nem deve) ser uma concordância absoluta.
O seu olhar é o do europeu e juro que o paradoxo carioca é indecifrável para alguém que cresceu sob o manto da CEE/UE ou seja lá como venha a chamar-se.
A classe média de que fala, que vai às churrascarias caríssimas é, na verdade, classe alta e é com quem os europeus gostam de se relacionar, pois a classe média, de onde provêm, em geral, os professores, segue sendo cada vez mais achatada e ignorada nos planos de governo do PT ou nas políticas populistas do mesmo governo. A classe média não é cool, nem faz poesia, nem dança funk, por isso, não tem interesse para os olhos europeus que buscam, como os viajantes do século XIX o exotismo e o mito do bon sauvage.
A classe média, como os garis e tantas outras profissões do dia-a-dia, é transparente e invisível aos olhos dos europeus e também aos olhos dos conterrâneos brasileiros.
Solidarizo-me com os lixeiros e garis, sobretudo quando vejo como trabalham os lixeiros e barrendeiros aqui de Madrid. É preciso ter nascido e crescido no Rio e tê-lo deixado pra trás várias vezes em direção ao Norte, para solidarizar-se com tudo que constitui essa cidade.
E Luis Eme, o Rio merece não uma, mas muitas visitas. Seguro que o teu Casario do Ginjal está repleto de temáticas que ias ver refletidas por lá.
E sei, Alexnadra, que vai morrer de saudade das Laranjeiras/Cosme Velho, da feirinha de sábado e dos bolinhos de bacalhau que o garçon traz lá do bar mais acima pra comermos no meio da praça entre goles de chopp com amigos e muita filosofia.
Desejo-lhe sucesso, sempre!

sexta-feira, 7 de março de 2014

Gente



Gente é super interessante!