domingo, 28 de julho de 2013

O Papa (Francisco) é pop






Eu peço a vocês que sejam revolucionários, que vão contra a corrente; sim, nisto peço que se rebelem; que se rebelem contra essa cultura do provisório que, no fundo, crê que vocês não são capazes de assumir responsabilidades, que não são capazes de amar a verdade. Eu tenho confiança em vocês, jovens, e rezo por vocês. Tenham a coragem de “ir contra a corrente”. Tenham a coragem de ser felizes!"

Papa Francisco


Definitivamente, há uma nova era no ar. Um homem da idade dele que fez uma maratona desde terça-feira, chega ao fim do dia de hoje com esse sorrisinho de garoto no rosto e ainda faz o discurso acima - que foi, juntamente com a foto, retirado daqui - só pode ser especial. Desde quando,  um legítimo representante da tradição judaico-cristã de culpa e sofrimento incita as multidões a serem revolucionárias e felizes?

Mas também, com o nome que escolheu, tinha que ser. Os "Joões" e os "Bentos" que me desculpem, mas depois daquele outro, descalço, de Assis, ficou difícil ser especial.

E só tendo nascido no Sul - com toda a carga socio-economica que existe na oposição Norte-Sul - para saber, com tanta naturalidade, carregar esse nome.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Al Café de la Ópera

 



Eu nem sabia que havia isso em Madrid, mas só em Madrid, e em uma meia-dúzia de cidades do ocidente, somos capazes de encontrar absolutamente todo tipo de bar, restaurante, casa de show, o que você imaginar, ou o que conseguir imaginar.

Pois é, meu africano favorito resolveu me surpreender mais uma vez. E planejou um jantar ao som de ópera, detalhe, ópera ao vivo.

Bem, o local se chama, convenientemente, Café de la Ópera. E tem tamanha clientela que é preciso fazer reserva com um mês de antecedência. Eu só sabia que ia a um sítio especial. E a coisa ficou tensa quando, às 19h30 toca o telefone e é a recepcionista do trabalho do meu companheiro, a cara dele foi alternando surpresa e raiva, sucessivamente, em muitas repetições. Ele abria a boca, bufava, grunhia, suspirava, sussurrava, eu até saí de perto porque estava vendo que a surpresa corria sério risco de não acontecer.

A seguir, cena 2, o africano da hora, no sofá da sala, em um tom de voz muitas décimas acima do seu habitual. Mas não estava gritando, "todavía no". Eu já estaria aos berros há tempos, mas ele é um gentleman inglês. Gentlemans não saem do sério antes de muito exercitarem seu fleugma.

Por fim, "we got a deal". Como ele não largava o osso e até mencionou nosso aniversário de casamento, que seria (e foi) festejado no tal lugar surpresa, o pobre gerente do local deixou-o à espera e voltou dizendo que sim, que iriam arranjar as coisas e podíamos ir às 21h30.

Passamos batidos pelo lugar, pois, na frente, só tem um bar, o local é no "sótano", como uma infinidade de outros restaurantes madrileños, ou seja, no subsolo. Ficamos à espera diante de uma infinidade de fotos com cantores vestidos como para as zarzuelas, operetas tradicionais espanholas. Havia um outro casal, talvez um pouco mais adiantado em idade do que nós e, de fato, éramos apenas 3 casais, nessa noite de 23 de julho. 

Bem, a seguir, o meu africano contou-me que eles tinham dito que estariam "cerrados" e por isso iam cancelar a reserva. Victor esbravejou e conseguiu que recuassem, mas, em nenhum momento, acreditou de verdade que eles estivessem a falar a sério. Pelo visto, como não havia reservas suficientes, diante do prejuízo iminente, resolveram cancelar as reservas existentes, só não contavam com um rafeiro africano que não larga o osso.

Long story short: O outro casalinho à espera também estava festejando aniversário de casamento e também três anos. Ao fim, tivemos ópera, opereta e zarzuela q.b. Nos dedicaram uma romântica música espanhola e confraternizamos com os outros dois casais, trocamos votos e os cantores e o pianista tiveram direito a bejinhos e nós a autógrafos.

É verdade, o jantar foi delicioso, com sobremesas idem e o serviço impecável. Recomendo o Café de la Ópera, mas reservem muito antes, evitem o mês de julho e esqueçam agosto, eles fecham, sabiamente.

Abaixo, imagens da coisa. Além de tudo, a lua cheia não faltou ao encontro, como já tinha feito na data origem deste aniversário, entre o Sado e o Tejo, no castelo encantado de Palmela.

PS: Tenho 3 vídeos gravados no local, mas não consigo carregá-los. Se alguém souber como, agradeço a ajuda.