Espanhóis têm horários esotéricos de funcionamento de empresas em geral.
A) Chego às 10h da manhã, terça-feira, cheia de dor no estômago, farmácia em frente de casa. Vou até a porta de vidro, papel colado. Horário de abertura: 12h-19h. A dor não melhorou, mas eu passei a ser a criatura mais agradecida desse mundo por ter um hotel na minha rua com uma cafeteria onde servem um ótimo café con leche.
B) Acabo de deixar o marido no aeroporto, domingo, 12h30, decido ir ao shopping resolver coisas e almoçar. Procuro no gps o shopping mais próximo, marco e vou pra lá. O estacionamento onde o gps me deixa está fechado, dou a volta para encontrar outra entrada, pelo caminho, observo que as portas de pedestres estão estranhamente fechadas. Próxima entrada de carros: fechada com grades. Desisto e volto para casa. No elevador, o meu vizinho de porta, sorridente, pergunta como estamos nos adaptando, eu digo que tenho alguma dificuldade para entender a lógica de abertura das tiendas. Ele ri e diz, "não há lógica", eu conto o caso das portas fechadas, reacção: "os shoppings não abrem aos domingos, exceto no primeiro de cada mes e em festivos"... ainda preciso de um manual para entender exatamente o que eles querem dizer com festivos.
C) Sábado de tarde, eu podia jurar que tinha visto uma peluqueria perto de casa. Fui até lá, nada, fechada. Volto no conserje, que é o porteiro, e pergunto se há alguma por perto. Ele me olha como se eu fosse um alien. Es sabado hoy, las peluquerias no funcionan, al mejor, sólo hasta medio día. Además, aqui, las cosas funcionan lunes a viernes, y viernes hasta la una. A esta hora, eram 14h então, están todos en el coche.
Bem, difícil descrever a minha cara de parva, até porque eu não me via.
Por outro lado, eles parecem estar sempre injetados de disposição (será pelas tapas e pelo vinho?), pois nunca se mostram entediados ou sem vontade de falar com você como os portugueses. Há sempre dois beijinhos ao cumprimentar, tratam todo mundo por tu (o que já te inclui no âmbito familiar), sempre querem saber se você está mesmo se adaptando, reparam que cortou o cabelo e interrompem uma sessão de esteira para te explicar como funciona o ginásio.
Alguém consegue encontrar similaridades com os seus vizinhos lisboetas? Não? Normal, não há mesmo! Ok, antes que cassem o meu passaporte, refiro-me aos vizinhos, não tenho nenhuma lembrança agradável dos meus vizinhos em Lisboa, ainda assim, foi com um aperto no coração que eu deixei aquela cidade deliciosa. E as pessoas que me atendiam, na farmácia, no mercado, na florista, na clínica e no banco perto de casa, têm um lugar muito afável nas minhas lembranças afetivas da cidade.
Mas vamos à vida que hoje é sábado, tem a super lua na janela, e eu aqui nesta cidade sem mar e sem rio... não há tapas que consigam aplacar o efeito de uma coisa dessas.
A) Chego às 10h da manhã, terça-feira, cheia de dor no estômago, farmácia em frente de casa. Vou até a porta de vidro, papel colado. Horário de abertura: 12h-19h. A dor não melhorou, mas eu passei a ser a criatura mais agradecida desse mundo por ter um hotel na minha rua com uma cafeteria onde servem um ótimo café con leche.
B) Acabo de deixar o marido no aeroporto, domingo, 12h30, decido ir ao shopping resolver coisas e almoçar. Procuro no gps o shopping mais próximo, marco e vou pra lá. O estacionamento onde o gps me deixa está fechado, dou a volta para encontrar outra entrada, pelo caminho, observo que as portas de pedestres estão estranhamente fechadas. Próxima entrada de carros: fechada com grades. Desisto e volto para casa. No elevador, o meu vizinho de porta, sorridente, pergunta como estamos nos adaptando, eu digo que tenho alguma dificuldade para entender a lógica de abertura das tiendas. Ele ri e diz, "não há lógica", eu conto o caso das portas fechadas, reacção: "os shoppings não abrem aos domingos, exceto no primeiro de cada mes e em festivos"... ainda preciso de um manual para entender exatamente o que eles querem dizer com festivos.
C) Sábado de tarde, eu podia jurar que tinha visto uma peluqueria perto de casa. Fui até lá, nada, fechada. Volto no conserje, que é o porteiro, e pergunto se há alguma por perto. Ele me olha como se eu fosse um alien. Es sabado hoy, las peluquerias no funcionan, al mejor, sólo hasta medio día. Además, aqui, las cosas funcionan lunes a viernes, y viernes hasta la una. A esta hora, eram 14h então, están todos en el coche.
Bem, difícil descrever a minha cara de parva, até porque eu não me via.
Por outro lado, eles parecem estar sempre injetados de disposição (será pelas tapas e pelo vinho?), pois nunca se mostram entediados ou sem vontade de falar com você como os portugueses. Há sempre dois beijinhos ao cumprimentar, tratam todo mundo por tu (o que já te inclui no âmbito familiar), sempre querem saber se você está mesmo se adaptando, reparam que cortou o cabelo e interrompem uma sessão de esteira para te explicar como funciona o ginásio.
Alguém consegue encontrar similaridades com os seus vizinhos lisboetas? Não? Normal, não há mesmo! Ok, antes que cassem o meu passaporte, refiro-me aos vizinhos, não tenho nenhuma lembrança agradável dos meus vizinhos em Lisboa, ainda assim, foi com um aperto no coração que eu deixei aquela cidade deliciosa. E as pessoas que me atendiam, na farmácia, no mercado, na florista, na clínica e no banco perto de casa, têm um lugar muito afável nas minhas lembranças afetivas da cidade.
Mas vamos à vida que hoje é sábado, tem a super lua na janela, e eu aqui nesta cidade sem mar e sem rio... não há tapas que consigam aplacar o efeito de uma coisa dessas.
Um comentário:
e esta? os "doremons" mais simpáticos que os "lusitos"?
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