domingo, 20 de novembro de 2011

Choque digital... ou, a casa

Socorro! Há semanas ando tentando entrar em casa. Perdi a chave... melhor, tinha perdido. Distração de quem teve muitas casas e deixou de usá-las. Mas a que dava acesso a esta janela eu já a tinha esquecido há tempos e foi uma cruzada recuperar e alterar a chave.

Feito! Agora, vou voltar a postar. Entretanto, deixo um texto que me apraz sobremaneira e reencontrei no antigo email. A chuva ainda cai e em abundância, mas já não é o hemisfério sul, nem verão, nem calor... mas resto eu e as sensações do que fui e do que sou. E a casa, já é outra. A retratada e a habitada.

22.12.2006

Finalmente choveu, um pouco. Cheguei em casa, o mesmo calor opressivo. Vim da Barra pela montanha, o Alto da Boavista. Pra nós, simplesmente, o Alto. Pedaços de ruas alagados, trânsito em princípio de caos. Cheguei em casa, quase ilesa. Tive de passar por uma enorme poça, daquelas que para ultrapassar temos de meter uma primeira, acelerar e só parar quando passada a água. Isso não deve dizer nada quem me lê neste hemisfério norte, não conhecem tempestades tropicais e menos, provavelmente, as conhecem no Rio.

O Rio que tem esse nome ironicamente porque um francês achou que a baía era o delta de um rio. Esse nome que cai tão bem diante da geografia da cidade, coberta por montanhas cujos cursos d'água vão todos dar bem no meio da zona habitável que, aliás, só se tornou habitável, graças à canalização de muitos deles e se torna deshabitável, cada vez que a natureza resolve que não há água suficiente entre mar e rios e batiza a cidade a cada início e fim de verão com muita água.

A música do Tom Jobim, "águas de março" fala disso. Ou deveria.

Tá se aprontando uma tempestade. Das boas. Com direito a céu cinza escuro, muito vento e do morro, com o Cristo já encoberto, só se distingue levemente o contorno que transmutou-se de verde em quase preto.

Queria poder deixar tudo aberto e receber a tempestade de frente, camiseta e pernas de fora, com a chuva e o vento na pele. Não posso. Parece que tudo ganha vida na casa e os objetos começam a se deslocar, as cortinas levam tudo com elas, é bonito de ver, mas não me apetece ter de sair em excursão pela casa a catar tudo que se espalhou. Deixo só a janela do meu quarto aberta. Não totalmente, mas já entra um vento que é uma benção no calor de hoje.

Tá chovendo. Algumas gotinhas ínfimas me atingem, onde estou, ainda com o laptop no colo. Os vidros estão todos salpicados, com as gotas reluzindo por causa das luzes. Anoitecendo. São 8h da noite.

Sensação deliciosa essa humidade. O vento e o barulho da chuva grossa batendo na vidraça.



PS: Tentei ajustar fontes e tamanhos, o editor do blog não deixa. Lamento o visual!


2 comentários:

Pitanga Doce disse...

Jesus, Lóri!Eu te vi escrevendo isso e vivendo isso no teu apartamento, no meio de um calor como nós bem conhecemos. Aquele em que até pensar, é um transtorno físico. Vejo a data de 2006. Quanto tempo faz, mesmo????? És tu? Sou eu?

Hoje tens outra chuva. Agora fria. Em 2006, também a minha era fria.

Beijos e não te percas outra vez, rapariga.

Luis Eme disse...

olá, Lóri.

grande desculpa para umas "big-férias". :)

beijinhos