terça-feira, 6 de outubro de 2009

First glance

Dei uma circulada nos sites sobre choque cultural. Melhor esquecer. Os textos - quando os há - falam sobre as obviedades do costume: carnaval do Rio vs. Ramadam; a rigidez dos anglo-saxões vs. as relações distendidas dos latinos; a preocupação com prazos, datas e horários vs. o enfoque de tempo mais alargado e flexível. Ou ainda, como ser louro, sardento e ter mais de 1m80 e passar despercebido em Machu Pichu.

Não, meus amigos, eu vou falar de choque cultural na passagem entre culturas ditas irmãs, ou mãe e filha ou seja lá como quiserem se referir às relações luso-brasileiras. Eu não tenho problemas com documentos, os meus são os de qualquer europeu ou europeia (com a diferença que eu ainda ponho acento no "e" do patronímico), não preciso de visto, não vim trabalhar como manicure ou trolha, não preciso servir as mesas, e ainda menos me atrai a mais velha profissão do mundo. Professo, em tese, ao menos, a mesma religião nacional e até aí há estranhamento. Tenho cor da pele, espessura do cabelo compatíveis com a média nacional, ainda que não seja tão pequena quanto um terço das mulheres que observo diariamente nas ruas e shoppings da cidade. E venho de um país onde a rigidez não é o forte do comportamento, mas a flexibilidade é de muitas outras naturezas.

Enfim, sou uma brasileira em Lisboa e lembro, com frequência, da musiquinha que o Sting tão bem interpreta: Oh, oh, I´m an alien, I´m a legal alien, I´m an English man in New York...
E este blog vai ser dedicado a todos os meus findings, todas as minhas surpresas, sem angústias, pelos menos, as profundas, apenas alguma irritação, um tanto de insatisfação e bloqueio ,e uma busca de integração sem demasiadas concessões. Eu insisto em dizer "alô!" cada vez que atendo o.... celular.


E a minha atitude é muitas vezes a do felino abaixo e, suponho, com semelhante sentimento em relação ao mundo circundante.


16 comentários:

Telma Pereira disse...

Gostei do nome do blog,sobretudo porque o choc me lembra chocolate.
O gato em cima do muro (sem a conotação atribuída aos peessedebistas...), entre dois terrenos, ilustram bem a brasileira em portugal, e a portuguesa no Brasil que você é.
beijos,
Telma

Luís Milheiro disse...

olá Lori.

vens ai, para dar "choques" culturais, e bem precisos são cá pelo burgo.

bjs

Maria Eduarda Colares disse...

Vou ficar de olho neste choque! Obrigada pelo convite, Ida. Um abraço apertado.

Joca disse...

É bom te ver de volta, Lóri. Esse post inicial parece demarcar o espaço, dizendo a que vens, um "quê" de provocativo, contudo, com o mesmo charme de sempre.
Mas, continuo fã do Na Bronca e, mais ainda do subjetivo Sulburbio, apesar de compreender a necessidade, talvez, de abrir novas sendas.
Precisamos, sim, de choque cultural, de "provocações". Contudo, isso é cada vez mais dificil num mundo onde quase tudo é mercadoria, dificil não ser traído, até por si mesmo: viste o filme dos Cohen, o QUeime Depois de Ler, feito na sequencia do "provocativo" Onde os Fracos Não Tem vez"? (achei uma besteirinha pra rir amarelo e tentar impressionar a namoradinha ingenua com algo supostamente "cabeça"...)Acho que quiseram manter uma pose "blasè" perante uma Hollywood que, no fundo, fingem detestar...
Grande beijo e bem vinda!

Joel

Olga disse...

Oi, Lóri, que bom que voltaste, ao menos virtualmente.

Por aqui o choque é de ordem e, geralmente, é um saco. Porque os politicamente corretos, como sempre, se assanham logo.

Estou esperando dezembro praquele prometido chope. Beijos!

Titá disse...

Vou sentir saudade daquele tom da Bronca, mas renovação requer renovação.
Aqui deste lado do mundo a cultura é que continua dando choque... com o perdão dos mais ufanistas.
Bom ter a sua companhia, mesmo que só virtual.
Beijo

Pitanga Doce disse...

Olha minha amiga, pelo que te conheço não me pareces que sejas como o felino aí abaixo mas sim que tenhas um sapo atravessado na garganta.

Ah, e por aqui também vai um: ALÔ???

beijos Lóri!

Pitanga Doce disse...

Passa lá pela árvore!

Pitanga Doce disse...

"E prontos"! A mulher chama e depois vai embora. Ó LÓÓÓRI!!!!!!!!!!!

Titá disse...

Pitanga Doce tem toda razão... Ó Lóri, some não!!!

Telma Pereira disse...

Pois, é
De tanto ficar olhando para esse gato silencioso, fui buscar um poema (Baudelaire) para ele:

Les Chats

Les amoureux fervents et les savants austères
Aiment également, dans leur mûre saison,
Les chats puissants et doux, orgueil de la maison,
Qui comme eux sont frileux et comme eux sédentaires

Amis de la science et de la volupté
Ils cherchent le silence et l'horreur des ténèbres;
L'Erèbe les eût pris pour ses coursiers funèbres,
S'ils pouvaient au servage incliner leur fierté.

Ils prennent en songeant les nobles attitudes
Des grands sphinx allongés au fond des solitudes,
Qui semblent s'endormir dans un rêve sans fin;

Leurs reins féconds sont plein d'étincelles magiques
Et des parcelles d'or, ainsi qu'un sable fin,
Etoilent vaguement leurs prunelles mystiques.


Uma vez, em Aix, fui puxar assunto com um gato através de um pires de leite e un câlin e...levei uma mordida. Na época, não tinha pensado no poema.
Beijos, querIda.

Alberto Oliveira disse...

Demorei a chegar, mas cheguei. As intenções editoriais me parecem bem. Defendido pelo airbag da amizade aguardo o choque própriamente dito.

Beijos do Escrivão.

Luis Eme disse...

fugiste outra vez?

ai ai, "garota de ipanema"...

bjs Lóri

Joca disse...

A-pois! É. Sumiu de novo (Ou estará preparando artilharia?

Pitanga Doce disse...

Ó Lóri tu precisas ser analisada, mulher!

Mudei o fuso horário!

Lóri disse...

Queridos todos e todas;

Isto vai ser mesmo uma tourada. Primeiro, este modelo de blog super básico que escolhi não me envia mensagem quando alguém comenta, ando tentando descobrir onde o comando. Depois, a vida anda mais que punk e a minha alma se rebela, meu corpo faz greve e as pernas e os braços não respondem na medida das minhas necessidades, nem bloguísticas nem de outras naturezas.

peço que tenham um pouco de paciência. Acho que, mais dia, menos dia, entro em velocidade de cruzeiro.

Senhor Escrivão, peço desculpas a si e aos outros naturais da terra, espero que tenham bons airbags, eu vos amo a todos, mas nem todos me amam e pelo simples fato de falar carioquês. Mas eu tenho uma construído uma teoria a esse respeito, em breve faço-a conhecer.

Moçada do outro fuso horário, vão ter que aturar esta variedade híbrida de português. Resisto como posso com meu dialeto (no sentido mais técnico, please, Telma e Sonia) além-mar. Eventualmente, farei usos estilísticos ou funcionais dos termos desta variedade de cá.

Pit, sei que vc se foi, te explico en privé uma parte das razões. Mas no fim do ano eu tou aí e Olga e você têm que me aturar.

telminha que lindo, vc como sempre embeleza estas paragens com une pincée de beauté. Aliás, amanhã tou na terra do Beaudelaire... Me aguardem!

Amo vocês todos,
oooopppppssss, quase assinei de verdade!