domingo, 31 de julho de 2011

Desejos dos outros, alvoradas minhas


Hoje acordei ainda noite, fui levar os últimos visitantes a Barajas. Ao voltar, as luzes começavam a surgir. Ao chegar, a casa estranhamente silenciosa, sem previsão de novos ou conhecidos ruídos. Só promessa de silêncio e calor, na frescura da alvorada. Mais tarde o toque de despertar do quartel vizinho, familiar. O sono vindo. E os desejos, constantes. Busquei e só encontrei esse texto que não confio ser mesmo do Drumond, mas cujo conteúdo pode traduzir um pouco do que me apetece aqui deixar. Até a volta. A imagem é da minha janela.

DESEJOS

Desejo a vocês...
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Filme do Carlitos
Chope com amigos
Crônica de Rubem Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música de Tom com letra de Chico
Frango caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Ver a Banda passar
Noite de lua cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho.
Sarar de resfriado
Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Pegar um bronzeado legal
Aprender um nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Pôr-do-Sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
Sentar numa velha poltrona
Tocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco
Bolero de Ravel...

... e olhos para poder registrar imagens como essa.

4 comentários:

Luis Eme disse...

teus desejos são meus desejos para ti.

Beijos Lóri

Pitanga Doce disse...

Querida Lóri, que tanta falta faz deste meu lado do mar. Primeiro me detive na imagem. Sabes de que céu me lembrei. Tu sabes. Os tons são os mesmos e até o frescor, antes que o sol realmente se imponha, é igual. Depois o "Desejos". Parei feito um disco daqueles antigos e arranhados, que não saíam do lugar, em
"Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado"

Difícil encontrar esse poema, não é Lori? Difíícil!

Beijos e "até a volta", mesmo sem saber onde vais.

Lóri disse...

Querido Luis, não podias ser mais delicadamente sintético... adorei! beijinhos e bom verão!

Lóri disse...

Ai, Pitanga, bonito comentário e não sei se fico contente ou triste por ter tido esses efeitos em ti.

Mas sentir já é muito mais do que não sentir, seja como for.

E sim, a hora é das mais preciosas.
E eu, vou para à beira Indico, norte de Moçambique, praia deserta e prometo fotos e relatos.

Beijo carinhoso e sentido,